segunda-feira, 22 de setembro de 2008

porque é primavera .


sentei-me no banco, ajeitei a bolsa e um suspiro melancólico esvaziou meus pulmões . junto com o ar, se foi de novo toda aquela expectativa, aquela sensaçãozinha conhecida de que tudo pode e vai acontecer . encostei o canudo na boca, e antes que terminasse o gole uma senhora simples, sentou-se ao meu lado .ela narrou sobre pães de todos os tipos, por minutos, e passando ao lado de uma fazenda, acenou com os olhos marejados . senti remorço mais tarde por não ter sido mais sensivel . no momento eu só pensava no aroma que ela espalhava, ocupando cada pedaço de mim . logo ali, pensei comigo ' é, estou voltando ' .
mas acho que de todos os frascos e sapos, o da sorte eu sempre tenho extra ... e depois de uma parada ou duas, estava eu deitada sob o ar condicionado e o céu completamente negro, exibindo, penduradas, suas melhores estrelas . sozinha finalmente, coloquei o ipod no ouvido .
não lembro qual fora a ultima vez que me senti tão dentro de mim . esse meu jeito antigo de ser, meio bucólico, sempre atrás de romance, de alguem ... meu final feliz .
a cabeça, a mil por hora, ia tentando resgatar pedaços, retalhos de sentimentos . eu não tinha ali, em quem apoiar minhas teorias malucas, meus sonhos loucos, minhas vontades absurdas : todas sempre tão reais !
voltar pra cidade não significava exatamente VOLTAR pra minha vida .
aquelas montanhas sempre me embaralham o cérebro .
me tomei por minutos tentando advinhar qual seria o próximo passo e pulando as musicas que me lembravam aquele dia, aquele riso, aquele ou este, tanto faz, fechei os olhos .
senti enjoo, respirei fundo e abri os olhos novamente .
no meio do nada as idéias flutuavam como balões pelo onibus e eu tentava processá-las o mais rapido que podia .
me afastar do mundo me faz bem .
olhei no relógio e faltavam 2 horas para o fim da viagem .
sobravam 2 horas na minha vida, onde só existia céu e as minhas perguntas .
lembrei do exato momento em que todo o drama foi deixado de lado, e um impulso quase que selvagem tomou conta dos meu corpo, dos meus poros, duas noites antes .
natural que eu pulasse nos braços do que me foi seguro um dia, mesmo que por pouco tempo ... mas as coisas mudam e as pessoas erram . lembrei depois do cheiro que seguiu sua sombra, molhada, enquanto partia . estaria eu encobrindo minhas verdades nesta fuga desalinhada pro seu mundo outra vez ?
percebi que nao havia mais nada ao meu redor . era como se uma bolha gigante me envolvesse . eu nao via nada além do breu . me acomodei .
nem ali, nem aqui, as respostas não cabiam, se contradiziam dentro de mim de forma que nada fez sentido, porém nada era em vão .
existia um motivo ali, para eu ter visto aqueles olhos fechados de novo que mesmo escondido, deixou escapar aquele sorriso, aquele, sem querer, no canto da boca, quando me reconheceu . se o motivo era fuga, ilusão, decepção ou finalmente a luz ... talvez eu nunca saiba . mas não tem como me arrepender de sentir outra vez a unica e impagavel sensação de que meus institos, meu corpo, não pertence mais ao obvio .
agora sentia o breve cheiro de ... liberdade .
o onibus foi parando devagar e desci antes que pudesse ver o rosto dos que estavam a minha volta .
é só o começo de uma nova mudança, pensei .
outra mudança .

'cada dia, é um dia priscila !'

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

miss independent .


jamie cullum e cobertas .
uma janela grande . um sofá confortavel .
uma coleção de livros, meias coloridas e óculos .
vinho e macarrão ou pizza e coca-cola .
o passaporte, o vaso com flores novas .
alguém sentiu a minha falta .

a secretária eletronica pisca assim como as luzes lá fora.
tudo avisa .

chinelo na porta,
uma xícara sem lavar - nunca vai mudar ?
quadros, um canto de cores, tinta e giz .

a mala , o sol e o guarda-chuva .
na cama, encolhido, meio descoberto ...
ele me espera, com olhar de saudade .
eu acho que vou querer um cão .


um banho de horas .

e-mails, desligo o telefone e só de moletom danço pelo apartamento vazio .
cheguei, finalmente !
deito no chão, levanto .
olho pros lados e não está lá .

um bom filme, noite e dia .
tudo espalhado pela minha vida .
eu posso ver tudo, menos você .

você nunca vai estar lá .
vai ter alguém no seu lugar .
a trilha pra esse post é : twentysomething - jamie cullum .

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

a lua que eu te dei .


começa com o humor, com o raio, com as possibilidades .
a melancolia da noite se encerra, se encerra ciclo, se encerra velhos escritos .
mas não acabou ... e vendo pelo lado bom, realmente não tem fim .
qual o mal em ser intenso em cada momento da vida ? eu venho aprendendo isso .
não que o instantâneo me agrade, mas o pra sempre não existe .

a lua começa com o abraço, e no chão frio, eu penso, pensamos, em como tudo pode se encaixar da forma que é .
observados pelas estrelas, procuramos aquela saída relâmpago, aquele segundo de paz com nós mesmos, e nossas perdas .
as inseguranças se atropelam nas vontades, no desejo de que tudo fique bem e que finalmente a emoção esteja a salvo ... impossivel .
ao lado do que me é estranhamente seguro, eu vejo o céu mais claro .
o calor do medo me conforta .
e eu o olho nos olhos pela ultima vez, a ultima vez de um dia como tantos outros que ainda virão . mas deste, a ultima .

os planos escorrem quando eu penso que amanhã tudo vai ser diferente .
cada dia é um dia, priscila .
não se pode fazer nada a respeito disso .

cada momento tem sido a chave .
o passo não é visível, a essência é a mesma, mas aqui estou eu me acostumando com as mudanças .
atrás de respostas os olhos estalados se fecham aos poucos ... e aos poucos o sono fecha outra porta .

' - pode ser que sim primps, más não quer dizer que tá escrito ... pode ser o seu destino ... pode ser que não . '

terça-feira, 2 de setembro de 2008

stronge enough . - divagando sobre ser grande, parte 2 .

a trilha de hoje, loud please : lost without you - robin thincke .
ipod ligado ... e você deveria apertar play também .
pode mudar sua perspectiva do post .
-


minha irmã perguntou ontem :
' - quando a gente cresce, pra onde vai a criança da gente ? '
é, 7 anos... uma segunda despretenciosa, pergunta inocente ?
e depois de passar a noite acordada com a minha mãe ( hoje ela estava vestida de amiga), entre café, conversa boba e trabalho ... seguiu-se o diálogo :
'- ah mãe, quando eu for adulta, não vou ficar aqui ... esse não é meu lugar, eu sinto !' e ela respondeu :
'- filha, você já é uma adulta .' assim, na caara !

meudeusdocéu .

que parte da história toda eu perdi ? estou aqui fazendo planos pra um futuro que é todo agora, HOJE ! a minha cabeça primeiro me defendeu, repetindo que não é assim . a gente vira adulto quando quer, precisa, ou simplismente acontece ? perceba : estou eu fugindo da independencia e suas consequencias ou estou eu perdida na linha do tempo ?
acho que pela primeira vez me dei realmente conta de que sou nova, mas não tenho mais 14 anos ... nem 16, 17 ...
me disseram que um ano apenas muda muita coisa nessa fase da vida .
falta um mês e pouco pra eu fazer vinte anos ... será que isso está realmente claro na minha cabeça ? parece assustador pra alguns, parece mais um ano pros pouco ...

eu nunca fui do tipo inconsequente e ando muito na onda de 'deeeixa disso, vamos viver o agora, vamoos deixarr acontecer !'
mas e ai ? o tempo tá passando e o tempo de eu ser tudo o que eu sempre sonhei ser é agora, e eu não estava nem um pouco ciente disso . cega ? BURRA? hahahaha .

quanta estupidez !

sinto que a cada dia que passa, me conheço mais . e isso tem sido essencial !
posso ver ideias amadurecendo na minha frente .
coração inflamado, mas cérebro incendiado !
é, eu estou aqui, nessa de ser vagabunda . mas as vezes olhar pro teto esclarece muitas coisas .
vejo razão na minha insana idéia de que estou crescendo parada ... que louca, hein ?
eu e essas de achar que estou mudando, eu sempre estou, realmente .
talvez você não veja agora, não é externa, ainda .
mas eu vejo, e ó ... eu gosto ! :))

sooo, no more questions !
i'm leavin baby .

“Se nós admitíssemos que a vida humana pode ser regida pela razão, então toda possibilidade de vida estaria finda.”- L. Tolstoi.